Preview: Arknights: Endfield

Após o sucesso de Arknights no gênero tower defense e sua expansão para outras mídias, a Hypergryph, junto com sua subsidiária Gryphline, decidiu levar a franquia para um novo território. Arknights: Endfield aposta em um RPG de ação com combate em tempo real e elementos estratégicos, misturando exploração, batalhas dinâmicas e gerenciamento de recursos.

Com um teste técnico em andamento, já é possível ter uma ideia do que o jogo pretende entregar. Mas será que essa nova abordagem consegue manter o charme da franquia? Como o sistema de combate e a construção de bases se encaixam na jogabilidade? E, mais importante, Endfield tem o necessário para competir com os grandes nomes do mercado de gachas?

Testamos o jogo e trouxemos nossa previa sobre essa nova aposta da Hypergryph! Agradecemos à empresa pela oportunidade de participar do teste técnico e conferir de perto essa nova experiência.

História

A trama de Arknights: Endfield nos leva até Talos-II, um satilite de Talos repleto de caos e perigos constantes. O jogador assume o papel de Endministrator, uma figura enigmática que comanda um grupo de Operadores para explorar esse ambiente hostil e enfrentar ameaças desconhecidas.

Diferente do jogo original, que adotava uma narrativa mais direta dentro do formato de defesa de torre, Endfield busca expandir o lore do universo de Arknights por meio de diálogos mais profundos e diversas explicações sobre o cenário e os personagens. Embora isso acrescente camadas interessantes à história, o excesso de texto pode tornar a experiência um pouco cansativa, especialmente para quem prefere uma narrativa mais dinâmica e direta.

Apesar disso, Talos-II tem um grande potencial de imersão. A atmosfera pós-apocalíptica do planeta lembra títulos como Death Stranding e Punishing: Gray Raven, e o ambiente promete explorar bem os mistérios que cercam esse universo. Se a Gryphline conseguir equilibrar melhor a quantidade de diálogos e aprimorar a narrativa, Endfield pode se tornar uma das experiências mais envolventes dentro da franquia Arknights.

Para os que preferem focar mais na gameplay, o jogo oferece a função de skip, que permite pular as cenas mais densas, com um resumo dos eventos principais. Isso é uma boa opção para quem quer acelerar o progresso sem perder totalmente o contexto da história.

Um ponto que merece destaque é a ausência de suporte ao português nesta versão. Isso pode ser um desafio para jogadores que não dominam outros idiomas, considerando principalmente o público brasileiro. Resta torcer para que essa funcionalidade seja adicionada no lançamento, tornando a experiência mais acessível para todos, ainda mais considerando que Endfield possui uma quantidade considerável de texto em sua narrativa.

Gameplay

O grande diferencial de Arknights: Endfield em relação ao seu antecessor é o combate em tempo real. O jogo permite controlar um dos personagens da equipe e alternar entre eles durante as batalhas, utilizando ataques básicos, habilidades especiais e sinergias estratégicas. Cada Operador possui habilidades únicas, e o jogador precisa gerenciar os recursos e a composição da equipe para superar os desafios.

O combate é fluido e dinâmico, destacando-se por permitir que toda a equipe ataque os inimigos simultaneamente. Além disso, momentos de assistência entre os personagens trazem uma camada extra de estratégia. A jogabilidade mistura elementos de RPG de ação com estratégia, de forma semelhante ao que vemos em títulos como Genshin Impact, Tower of Fantasy e Wuthering Waves.

Apesar disso, o combate ainda apresenta alguns pontos a melhorar. A dificuldade inicial pode parece um pouco desbalanceada contra alguns inimigos, com poucos desafios no teste técnico. A IA pode ser melhorada, e a sensação de impacto de alguns ataques de personagens específicos parece um pouco “leve”, sem aquele peso esperado, especialmente o quinto ataque, que tem uma função específica com os membros da party e suas assistências. Esses ataques poderiam ser mais intensos ou ter um impacto mais forte nos efeitos. As esquivas também precisam de alguns ajustes, principalmente no timing/frames, particularmente errei bastante ao tentar realizar esquivas perfeitas para evitar ser atingido pelos golpes inimigos.

Outro detalhe que pode ser refinado é a animação de corrida dos personagens, que, embora funcional, carece de mais dinamismo. Não é que o personagem não corra, mas a animação parece meio sem graça, sem aquele destaque de corrida realmente.

Ja na parte de evolução de personagens, coleta de materiais e construção de bases, Arknights: Endfield mantém elementos familiares do jogo original, reforçando um forte sistema de gerenciamento de recursos. No entanto, a mecânica de upgrades, apesar de funcional e bem estruturada, não traz grandes inovações para o gênero, seguindo um formato bem comum em jogos gachas. O progresso dos personagens depende da obtenção de itens específicos para evoluir Operadores, armas e equipamentos.

Contudo, algo que se destaca e merece ganhar mais atenção é o gerenciamento da base. O jogo permite ao jogador construir torres de defesa, criar linhas de energia para transportar pontos de energia, coletar itens e fabricar recursos. A base tem o potencial de ser uma parte mais profunda e estratégica do jogo, e se a empresa investir em dar mais destaque a esses elementos – como a possibilidade de personalizar e expandir sua base, ou até mesmo incluir uma “casa” pessoal do jogador, isso pode ser um diferencial bacana, principalmente para quem não tem familiaridade com o universo de Arknights. Esse tipo de personalização e foco em gestão pode atrair não só os fãs da franquia, mas também jogadores que buscam uma experiência mais diversificada dentro do gênero.

Gráficos e desempenho

Visualmente, Arknights: Endfield é realmente bonito, com cenários e modelos de personagens bem detalhados. As animações são boas e os efeitos visuais das habilidades contribuem para uma experiência legal, especialmente nas cutscenes, onde a variação no uso dos comunicadores entre os personagens, explicações e eventos do mundo adicionam profundidade à narrativa. No entanto, um ponto a ser destacado é que os NPCs parecem ter um nível de detalhamento bem menor em comparação aos personagens jogáveis.

O design mantém a identidade da franquia Arknights, mas com um toque mais realista. O estilo visual pode não ser tão chamativo quanto o de Genshin Impact, ZZZ ou Tower of Fantasy, mas ainda assim é bem executado e condiz com a proposta do jogo.

Na parte de desempenho, o jogo rodou de maneira estável no ultra, em 3440 x 1440, com 60 FPS travados, utilizando uma RTX 4070 e uma Ryzen 5 5600X, sem apresentar problemas de desempenho. Algo que me deixou feliz e um pouco triste ao mesmo tempo, é que o jogo possui suporte para ultra wide, mas com algumas limitações: dependendo da cena, você consegue aproveitar o ultrawide de forma legal, enquanto em outras surgem pequenas barras pretas nas laterais. Além disso, não há suporte a FPS ilimitado, 120 FPS ou DLSS/FSR que poderia ajudar a alguns jogadores com PCs mais modestos, o que é uma pena.

Comparações com outros gachas

No mercado de gachas, Arknights: Endfield entra como um concorrente direto de títulos como Genshin Impact, Honkai: Star Rail, Girls’ FrontLine 2 e Wuthering Waves. Cada um desses jogos tem suas particularidades, e Endfield tenta encontrar um equilíbrio entre ação e estratégia.

Comparado a Genshin Impact, Endfield oferece um combate menos acrobático e mais estratégico, com um foco maior na gestão de equipe e no posicionamento. Em relação a Honkai: Star Rail, que adota um sistema de turnos, Endfield aposta na ação em tempo real, o que pode atrair um público diferente. Já outros jogos como Wuthering Waves trazem sistemas de combate dinâmicos, mas Endfield se diferencia por sua abordagem mais tática e de gestão.

Outro ponto interessante é o sistema de construção de base, algo que não está tão presente nos gachas de ação mais populares. Esse aspecto pode ser um grande diferencial caso a Gryphline consiga torná-lo mais profundo e relevante para a progressão do jogo. A construção de torres de defesa, coleta de materiais e gerenciamento de energia têm o potencial de adicionar uma camada de estratégia bem interessante à experiência.

Falando sobre o sistema de gachas, Arknights: Endfield se distancia de títulos como Genshin Impact e Honkai: Star Rail, que são mais conhecidos entre o público brasileiro, principalmente para aqueles que estão iniciando no gênero. Ao contrário desses jogos, onde os personagens são obtidos por banners de 5 estrelas com taxas fixas, Endfield adota uma abordagem mais personalizada.

Em Endfield, os personagens variam de 4 a 6 estrelas, e o sistema de “pity” funciona da seguinte maneira: a cada 10 tiros, você garante um personagem de 5+ estrelas, e a cada 120 tiros, o personagem de 6 estrelas do banner é garantido. Além disso, após 65 tiros sem tirar um personagem 6 estrelas, a taxa de drop aumenta em 5%, passando de 0.8% para 5.8%. (Para mim, é sempre 50/50: ou vem, ou não vem). Algo importante a destacar é que, ao conseguir um personagem garantido após os 120 tiros, o “garantido” se zera, e o jogo volta à sorte, com 50% de chance. Ou seja, mesmo que você continue fazendo mais de 120 tiros no mesmo banner, o “garantido” deixa de existir. Outro aspecto que se destaca é que o pity não é transferido para o próximo banner entao acabou o banner, o contador se reinicia.

Atualmente, acho que o maior desafio de Endfield será oferecer uma experiência diferente o suficiente para se destacar em um mercado tão competitivo. Se a Gryphline conseguir refinar sua jogabilidade, ajustar o equilíbrio de dificuldade e manter um bom suporte pós-lançamento, o jogo pode conquistar um espaço sólido entre os fãs do gênero e se estabelecer como uma opção única dentro do universo dos gachas.

Conclusão

Arknights: Endfield é um projeto ambicioso que leva a franquia para um novo gênero, trazendo combates em tempo real, gerenciamento estratégico e uma ambientação boa. O teste técnico mostrou que é um jogo promissor, com mecânicas interessantes e um sistema de construção que pode se tornar um diferencial no mercado de gachas.

No entanto, ainda há pontos que precisam de refinamento, como o ritmo inicial meio arrastado, e a narrativa excessivamente longa e alguns ajustes na jogabilidade para torná-la mais fluida e impactante.

Se a Gryphline conseguir equilibrar esses elementos e oferecer uma experiência mais polida no lançamento, Endfield tem potencial para se destacar como um RPG estratégico sólido e conquistar seu espaço entre os grandes do gênero.

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