Review: Prince of Persia: The Lost Crown (Mobile)

A franquia Prince of Persia sempre teve um peso histórico no mundo dos games, e ver The Lost Crown recebendo uma adaptação mobile tão fiel e tecnicamente refinada é algo digno de nota. Lançado oficialmente para iOS e Android, o título da Ubisoft tenta equilibrar o escopo ambicioso de um metroidvania completo com a praticidade do jogo portátil. Para essa análise, jogamos a versão para iPad Pro com chip M1, aproveitando ao máximo os recursos gráficos e de performance disponíveis na plataforma da Apple.

Contudo, será que essa versão mobile faz jus ao game original? A resposta é sim, mas com algumas observações importantes que destacaremos a seguir.

História

A aventura se passa no mítico Monte Qaf, onde assumimos o papel de Sargon, um guerreiro lendário do grupo de elite “Os Imortais”. A missão é resgatar o príncipe e restaurar o equilíbrio em um mundo que já foi glorioso, mas agora está mergulhado em corrupção e caos.

A trama é direta, mas muito bem conduzida, com bons diálogos e cutscenes que desenvolvem não apenas o protagonista, mas também figuras secundárias importantes. A mitologia persa é respeitada e explorada com criatividade, servindo de base para eventos e inimigos que aparecem ao longo da jornada.

Gameplay

A base de The Lost Crown está firmemente enraizada no gênero metroidvania. O jogo é dividido em um grande mapa interconectado, onde o acesso a novas áreas depende da aquisição de habilidades e equipamentos específicos.

Logo ao iniciar um novo save no mobile, o jogo pergunta qual estilo de controle você prefere: toque com layout otimizado, controle físico ou modo casual. No modo casual, a velocidade do jogo é reduzida para 0.9x, o que facilita o uso da tela sensível ao toque. A intenção é tornar o jogo mais acessível possível.

Mas apesar da tentativa, a jogabilidade por toque não entrega a precisão que o jogo exige. Com ritmo acelerado, foco em reflexos e combates que exigem execução exata de parrys e esquivas, o toque falha com frequência, especialmente nos momentos mais intensos. Entretanto, ao usar um controle transforma a experiência: os comandos respondem de maneira instantânea, os combos saem naturalmente e o jogo mostra toda sua verdadeira fluidez e profundidade. Sendo a melhor forma de jogar.

Durante a jornada, Sargon desbloqueia diversas habilidades, como o uso de dash no ar, ancoragem de sombras para se teleportar de volta a um ponto marcado, e congelamento de armadilhas no tempo. Essas mecânicas se integram de maneira orgânica tanto no combate quanto na exploração, oferecendo desafios criativos que exigem raciocínio e domínio dos controles.

O sistema de combate é ágil e técnico. Enfrentar inimigos exige mais do que atacar freneticamente, é preciso aprender padrões, dominar o tempo dos parrys e utilizar bem as habilidades especiais. Inimigos comuns já impõem desafio, mas os chefes são o grande destaque: cada um tem padrões únicos, múltiplas fases e exigem foco total para vencer.

Detalhes técnicos

Testado no iPad Pro com chip M1, The Lost Crown Mobile roda com desempenho sólido na maior parte do tempo, com suporte a até 60 FPS. No entanto, diferente de outros grandes jogos no iOS, como Resident Evil Village, Resident Evil 4 Remake, Genshin Impact e Zenless Zone Zero, este título não oferece ao jogador a opção de alterar configurações gráficas. No qual inclui efeitos, taxa de quadros ou o uso do MetalFX (upscale nativo da apple) o que limita as possibilidades de ajuste no dispositivo usado.

Durante nossa análise, o desempenho geral foi bom, com estabilidade na maior parte da exploração e combate. Ainda assim, notamos quedas pontuais de FPS durante algumas cutscenes e em momentos de maior carga visual. Esses momentos não prejudicam a jogabilidade, mas são perceptíveis.

Gráficos e Trilha Sonora

Visualmente, o jogo impressiona. Os cenários têm excelente direção de arte, os personagens são bem animados e os efeitos de combate e habilidades funcionam de maneira fluida. As áreas contam com uma boa variedade de biomas, como templos abandonados, florestas amaldiçoadas e zonas corrompidas pelo tempo, todos com identidade visual própria.

A trilha sonora mistura instrumentos tradicionais com composições modernas, criando uma atmosfera única. Os efeitos sonoros durante o combate são precisos e ajudam na leitura das ações. A dublagem é competente e o jogo está 100% traduzido para o português do Brasil.

Conclusão

Prince of Persia: The Lost Crown Mobile é uma adaptação surpreendente, que respeita o material original e traz praticamente toda a experiência dos consoles para a palma da sua mão. A Ubisoft acertou ao pensar na acessibilidade e na variedade de modos de controle, mas a experiência só atinge seu auge quando jogado com controle físico.

Mesmo com as quedas de FPS em alguns momentos, o jogo entrega um combate preciso, exploração satisfatória, conteúdo de qualidade e uma apresentação técnica impressionante. Para quem tem um bom dispositivo e um controle Bluetooth, essa versão mobile é altamente recomendada.