Review: RoadCraft

Estamos aqui novamente para falar sobre mais um jogo desenvolvido pela Saber Interactive e publicado pela Focus Entertainment. Mais uma vez, trata-se de uma simulação com maquinários pesados em cenários devastados por desastres naturais. Estamos falando de RoadCraft. Não dá para chamá-lo de sucessor direto de SnowRunner, mas sim de um “irmão” dentro do mesmo universo da franquia. Este review foi feito com base na versão de PS5, com uma chave gentilmente cedida, fica aqui o nosso muito obrigado!

RoadCraft é um simulador focado em veículos pesados, onde você assume o papel de uma empresa contratada para reconstruir cidades afetadas por catástrofes naturais. No comando de caminhões, tratores, guindastes e outros equipamentos robustos, o jogador precisa de paciência e uma boa dose de determinação para alcançar seus objetivos — características já conhecidas por quem é fã dos outros títulos da franquia.

O início pode parecer um pouco confuso, com poucas instruções claras. O jogo nem sempre explica com detalhes o que precisa ser feito, mas com um pouco de tempo, o jogador se acostuma com a lógica das missões, e o progresso se torna cada vez mais satisfatório.

Como fã de SnowRunner e após uma certa tristeza com Expeditions, RoadCraft me trouxe de volta aquele prazer de jogar algo que, para mim, beira uma sessão de relaxamento. Claro, com uma pitada de frustração quando as coisas não saem como planejado. Mas posso afirmar: isso faz parte da experiência.

O jogo

Diferente de outros reviews, aqui irei condensar alguns tópicos, pois RoadCraft não foca exatamente em uma história profunda, o que, longe de ser uma crítica, pode até ser visto como algo positivo. Desde Expeditions, os desenvolvedores vêm se esforçando para dar ao menos um contexto ao jogador. Em RoadCraft, você é dono de uma empresa de reconstrução. Sua principal interlocutora é Kelly, uma espécie de secretária ou assistente, que fornece as informações recebidas dos clientes e te guia nas missões.

O progresso ocorre conforme você completa as missões principais e finaliza os mapas. Ao concluir uma área, novas são desbloqueadas e, em alguns momentos, o jogador pode até escolher para qual delas deseja seguir.

Uma mudança significativa é a ausência do modo Hardcore (embora já esteja em desenvolvimento). Neste momento, não é necessário gerenciar combustível, a recuperação de veículos é gratuita e não há sistema de dano. Confesso que, no início, senti falta do desafio extra que esse modo proporciona. No entanto, o jogo oferece outros tipos de dificuldade que me fizeram questionar se o modo Hardcore seria realmente necessário aqui.

A proposta de RoadCraft vai além do simples dirigir. É preciso pensar estrategicamente qual caminho seguir, que caminhões utilizar e, muitas vezes, empregar múltiplos veículos simultaneamente em uma mesma operação. Algumas missões que parecem simples podem exigir várias idas e vindas até que tudo esteja devidamente reconstruído.

Com uma abordagem quase sandbox, RoadCraft permite diferentes estilos de jogo. Você pode simplesmente improvisar soluções para alcançar os objetivos mais rapidamente ou optar por reconstruir tudo de forma impecável — incluindo tapar e asfaltar as menores poças de lama do mapa. Um sistema básico, mas funcional, de gerenciamento de rotas também chama atenção: é possível configurar veículos para seguir caminhos específicos automaticamente, permitindo que você cuide de outras tarefas enquanto isso.

O número de veículos disponíveis no lançamento é limitado, mas ainda assim variado. A expectativa é que novos modelos sejam adicionados em atualizações e DLCs, o que já é uma prática comum da Saber Interactive com seus jogos anteriores.

Multiplayer e Desempenho

O modo multiplayer é, sem dúvida, um ponto alto. Pude testá-lo e posso afirmar que jogar com amigos torna tudo muito mais divertido. Muitas tarefas exigem ferramentas ou veículos específicos, então dividir responsabilidades entre os jogadores dá uma nova dinâmica às missões.

Existem alguns pequenos bugs como travamentos momentâneos da câmera, objetos que se movem sem razão aparente e uma física que ainda precisa de ajustes finos. Embora não comprometam seriamente a jogabilidade, são detalhes que merecem atenção.

A IA também precisa de mais polimento. Apesar da atualização recente (Patch 1.5) ter trazido melhorias significativas, em alguns momentos ela ainda toma decisões inexplicáveis, como não desviar de obstáculos óbvios. É frustrante ver veículos com comportamento de um “vovô de 95 anos” dirigindo equipamentos que, na vida real, exigem altíssimo grau de especialização.

Agora, minha crítica mais pessoal: gostaria que o jogo permitisse reconstruir absolutamente tudo. Para quem curte esse estilo, ver cada detalhe no lugar certo é parte da satisfação. Sei que não entendo nada de desenvolvimento de jogos, mas como jogador, fica aqui meu palpite ou apelo.

Som e Imersão

A sonorização segue o alto padrão da franquia. Os sons dos motores, ferramentas e ambientes são muito bem trabalhados. Um detalhe que me chamou atenção foi a imersão ao dirigir em primeira pessoa: alguns veículos apresentam uma trepidação realista na cabine, que ajuda muito na sensação de estar realmente dentro da máquina.

Conclusão

RoadCraft é uma excelente adição ao universo de simulação da Saber Interactive. Com foco em reconstrução e gestão de operações com veículos pesados, ele consegue ser relaxante e desafiador ao mesmo tempo. Apesar de alguns problemas técnicos e limitações de conteúdo no lançamento, sua base é sólida, e a expectativa para o futuro do jogo é positiva. A experiência de jogar sozinho já é envolvente, mas o multiplayer eleva tudo a outro nível. Para fãs de SnowRunner, RoadCraft pode ser justamente o que estavam esperando para reacender a paixão pelo gênero.