
A proposta de Scar-Lead Salvation é clara desde o início: misturar o estilo visual de anime com a ação frenética de roguelikes modernos, como Returnal. Desenvolvido pela Compile Heart, o jogo tenta se destacar com uma protagonista misteriosa, tiroteios intensos e elementos de progressão entre runs. A ideia é boa, o visual chama atenção logo de cara, e há momentos em que o jogo parece que vai decolar. Mas infelizmente, essa empolgação se perde rápido, e o que sobra é uma experiência que tenta muito, mas entrega pouco.
História
A história de Scar-Lead Salvation começa com o pé direito. Tudo é novo, misterioso e aparentemente cheio de potencial. Willow acorda em um complexo militar sem memórias, equipada com uma armadura tecnológica e guiada por uma IA enigmática. A atmosfera inicial instiga a curiosidade, e os primeiros diálogos sugerem que há algo maior em jogo, ainda mais quando, após cada morte, um número sob seu olho se altera, indicando uma mecânica narrativa que poderia evoluir com o tempo.

Por um momento, o jogo parece estar construindo algo intrigante. A sensação é de que cada nova run revelará segredos sobre o passado da protagonista, o motivo de sua prisão e o estado do mundo dominado por máquinas. Mas a realidade é que essa expectativa não se concretiza.
A narrativa é entregue em pedaços vagos e repetitivos, quase sempre interrompida pela ação. Os diálogos entre Willow e a IA giram em círculos e não aprofundam os personagens nem o universo ao redor. Faltam conflitos, surpresas e momentos de impacto emocional. Com o tempo, a história deixa de ser um atrativo e vira apenas um pano de fundo de um que o jogo claramente queria destacar, mas não conseguiu sustentar. Além disso, o jogo não oferece tradução para o português, o que acaba sendo mais um ponto negativo para quem não domina o inglês e quer se aventurar nessa experiência.
Gameplay
A jogabilidade de Scar-Lead Salvation começa de forma promissora. Willow conta com boa mobilidade, podendo pular, esquivar, usar parry e alternar entre duas armas. O combate mistura tiroteios com leves toques de bullet hell, exigindo que o jogador desvie de projéteis enquanto ataca. A presença do modo “Onslaught”, que torna a personagem invencível por tempo limitado, traz momentos pontuais de impacto. Também há sistemas de upgrades passivos, terminais para melhorar armas e áreas com curas ou bônus temporários, o que dá uma certa variedade às runs iniciais.

No entanto, esse potencial se perde rapidamente. As armas não transmitem sensação de peso e os upgrades raramente fazem diferença real no desempenho. A variedade de inimigos é pequena, com IA fraca e padrões repetitivos. As salas dos andares são quase idênticas entre si, e a progressão é extremamente linear, sem caminhos alternativos ou decisões estratégicas. Os chefes oferecem desafios mais criativos, mas são raros, o que acentua ainda mais a sensação de repetição.

Mesmo com atalhos desbloqueáveis e melhorias que se mantêm após a morte, falta motivação para seguir tentando. O jogo não oferece surpresas, recompensas marcantes ou mudanças reais entre as runs. O que deveria ser um ciclo viciante se torna previsível e cansativo, enfraquecendo o que é essencial em qualquer roguelike.
Gráficos e Áudio
Visualmente, o jogo entrega um estilo anime limpo, com uma boa modelagem da protagonista. Há efeitos de luz e lasers em abundância nas batalhas, e alguns chefes têm designs interessantes. No entanto, os cenários são genéricos e monótonos, com pouca variação de bioma. A repetição dos ambientes pesa muito, principalmente considerando o tempo que se passa nos mesmos corredores metálicos.

A trilha sonora passa batida. Não há músicas marcantes nem efeitos sonoros que reforcem o clima de tensão ou urgência. Mesmo nos chefes, onde a música deveria se destacar, tudo soa genérico e esquecível.
Conclusão
Scar-Lead Salvation tinha uma boa base para se tornar um título marcante dentro do gênero roguelike. A movimentação funciona bem, a estética anime chama atenção no início e a proposta de narrativa fragmentada poderia render algo interessante. Mas tudo isso se perde em uma experiência que rapidamente se torna repetitiva e rasa.
A história não evolui de forma envolvente, o combate perde o impacto após poucas horas e as runs seguem um ritmo previsível, sem variedade ou recompensas que incentivem o progresso. Chefes criativos e algumas boas ideias de sistema de upgrades até aparecem, mas não conseguem sustentar o jogo como um todo.
É um título que começa com potencial, mas que falha em quase todos os pontos onde mais precisava acertar. No fim das contas, Scar-Lead Salvation entrega pouco e cansa rápido.
Scar-Lead Salvation
Historia - 3.2
Gameplay - 5.5
Gráficos - 4.5
Áudio e trilha-sonora - 2.7
4
Ehhhh
Scar-Lead Salvation começa com uma proposta interessante, mas não consegue manter o ritmo. A movimentação é boa, a ambientação chama atenção no início e os chefes têm bons momentos, mas o jogo logo se torna repetitivo. A narrativa não se desenvolve, os combates perdem impacto e faltam variedade e recompensas marcantes. No fim, é um roguelike genérico que desperdiça seu potencial.