Review: Persona 5: The Phantom X

Persona 5: The Phantom X marca a chegada da franquia ao universo mobile e PC em um formato gratuito que combina combate estratégico por turnos, simulação de vida em Tóquio e narrativa densa, sendo agora adaptados a um modelo de serviço contínuo com foco gacha. Desenvolvido pelo estúdio chinês Black Wings em parceria com a SEGA e a Atlus, o jogo substitui o tradicional calendário diário da série por um sistema de estamina, que limita a quantidade de ações disponíveis por dia. A estrutura geral se aproxima de títulos como Genshin Impact e Wuthering Waves, com uma economia voltada à coleta de moedas e sorteios em banners rotativos.

É importante reforçar que este é um jogo free-to-play com foco em microtransações e sorteios de personagens, o que naturalmente muda a forma como sua progressão e experiência são entregues ao jogador. Ainda assim, mesmo dentro desse formato, The Phantom X preserva boa parte da alma de Persona 5, entregando combates táticos, personagens legais e todo o charme estilizado que consagrou a série.

História

A história de Persona 5: The Phantom  X começa de forma familiar para veteranos da série, mas logo deixa claro que tem sua própria identidade. Você assume o papel de Nagisa Kamishiro, um estudante aparentemente comum que, no qual após um acontecimento inesperado, se vê arrastado para uma realidade paralela, uma dimensão distorcida onde os desejos humanos são tomados ou corrompidos por traumas, frustrações e apatia. Nesse novo mundo, ele desperta seu Persona, adota o codinome Wonder e se une a Lufel, uma coruja falante que atua como guia. Juntos, formam o núcleo de uma nova geração de Phantom Thieves, com a missão de invadir os “Palácios”.

O jogo começa com um palácio centrado no “Subway Slammer”, cujo vilão é um ex-jogador de beisebol que desenvolveu um vício perturbador de esbarrar propositalmente em mulheres no metrô, chegando ao ponto de empurrá-las nos trilhos, e negando qualquer culpa enquanto todos ao redor simplesmente ignoram a situação por terem suas vontades tomadas. Essa abertura forte poderia ser uma excelente porta de entrada para o universo de The Phantom X, mas acaba perdendo parte de seu impacto devido à avalanche de tutoriais que dominam as primeiras horas de gameplay. Devo reforçar também que o jogo está 100% em inglês, incluindo menus e legendas, e conta apenas com dublagem em japonês o que e uma pena.

Felizmente, esse excesso inicial é temporário. Conforme o jogador avança, a história encontra um equilíbrio melhor e começa a mostrar seu potencial. Personagens como Motoha, que tenta superar traumas de infância e redescobrir sua paixão por beisebol, e Riko, uma garota introspectiva que busca dar sentido à própria existência.

A construção desses personagens é reforçada pelos Synergy Links, equivalente aos Social Links da série principal, que além de aprofundar a narrativa pessoal de cada um, também oferecem benefícios tangíveis durante os combates, como novas habilidades ou bônus passivos.

Mesmo com algumas sequências de diálogo mais extensas do que o necessário, o roteiro encontra seu ritmo com o tempo, e consegue prender a atenção graças às reviravoltas, temas bem trabalhados e personagens cativantes. A ambientação urbana de Tóquio, o foco em dilemas pessoais e sociais e a constante sensação de que há algo maior por trás das ações de cada antagonista reforçam que, mesmo sendo um spin-off, The Phantom  X tem alma própria e muito a oferecer para quem está disposto a dar uma chance após a lenta introdução.

Gameplay

Em sua essência, Persona 5: The Phantom X mantém a estrutura consagrada da franquia ao combinar exploração de palácios e vida cotidiana em Tóquio com combates por turno. O que muda, no entanto, é a forma como essa rotina é organizada: tudo gira em torno de um sistema de energia. Você tem cinco pontos por dia para gastar em atividades diversas, como estudar, trabalhar, brincar com minigames ou interagir com aliados. Esse sistema substitui o calendário tradicional da série, eliminando a pressão de decisões milimetricamente otimizadas, mas impondo um ritmo mais cadenciado e compatível com o formato live service.

Durante esses períodos livres, há bastante coisa para fazer. Além dos minigames, é possível aceitar trabalhos de meio período para juntar dinheiro, realizar tarefas que aumentam seus atributos sociais, realizar sidequests que aprofundam relacionamentos com os aliados e participar de interações sociais que fortalecem os Social Links. O jogo também mantém os atributos sociais clássicos como Charm, Kindness, Proficiency, Guts e Knowledge.

Também é possível cozinhar em casa, preparando refeições que restauram SP ou oferecem efeitos temporários úteis durante os combates. Fora isso, há um sistema de jardinagem onde você cuida de plantas na varanda do seu apartamento, com possibilidade de colher itens de suporte. A fabricação de ferramentas, como lockpicks e outros dispositivos usados para explorar palácios também está presente.

Nos combates, o sistema tradicional baseado em turnos retorna com algumas adições importantes. O Baton Pass continua sendo essencial, recompensando o uso estratégico de fraquezas elementais. Mas agora há o sistema Highlight, uma barra de energia coletiva que vai sendo preenchida conforme suas ações. Quando cheia, você pode ativar uma habilidade especial de um personagem, normalmente com grande impacto ofensivo ou suporte. No entanto, após usar o Highlight, o personagem entra em cooldown, mesmo que a barra se encha novamente no próximo turno dele o que adiciona uma camada de tática e evita o uso repetido da mesma habilidade poderosa em sequência.

Outro elemento novo é a presença dos Phantom Idols, manifestações cognitivas de personagens coadjuvantes que não fazem parte diretamente da sua equipe principal. Eles entram em ação com habilidades específicas e variáveis, e sua escolha pode influenciar significativamente o resultado de uma batalha, oferecendo suporte ou ataques extras que não dependem da formação original.

O sistema de Personas também está presente e se expande com opções adaptadas ao formato do jogo. Além das fusões clássicas, é possível adquirir novos Personas através de invocações via gacha, ou ainda encontrar alguns de forma direta durante certas explorações em palácios e Mementos. A gestão de Personas continua sendo fundamental para criar times versáteis e capazes de cobrir múltiplos elementos, principalmente com o reforço do Baton Pass e a importância da sinergia entre ataques.

Mesmo com mudanças estruturais voltadas para o mobile, The Phantom X mantém a essência da fórmula Persona em sua jogabilidade, ao mesmo tempo em que testa novos formatos que podem agradar tanto fãs antigos quanto novatos que chegam atraídos pelo estilo visual ou pela proposta gratuita.

Gacha

Em Persona 5: The Phantom  X, o sistema de gacha vai muito além do simples “gaste, puxe e torça”: é um jogo de gerenciamento de recursos, paciência e previsibilidade. As Meta Jewels, obtidas em missões diárias, login consecutivo, desafios semanais, capítulos de história, eventos sazonais e conquistas de campanha, somam facilmente 3.500 a 4.000 Meta Jewels por mês para um jogador Free‑to‑Play engajado o suficiente para 2 a 3 tiros de dez invocações (10‑pulls) gratuitas mensalmente. Além disso, as Lucky Coins, adquiridas a razão de 2 por dia (até 60 por mês), podem ser trocadas por qualquer arma cinco‑estrelas padrão, funcionando como um “flat rate” garantido para equipamentos essenciais.

Pity system do The Phantom X é estruturado em três níveis:

Base Rate (4★ Garantido)
Se nenhum personagem ou artefato de 4★ surgir em nove pulls consecutivos, o décimo pull será automaticamente 4★ ou superior.

Flat 1 Rate (5★ Garantido)
Caso você não obtenha nenhum cinco‑estrelas nos primeiros 79 pull, o 80º pull é automaticamente um 5★ entretanto com a logica do 50/50.

Flat 2 Rate (5★ Banner Garantido)
Caso durante no primeiro ciclo de 80 pulls resultar em um 5★ padrão fora do banner limitado, o segundo ciclo de 80 garante um 5★ do banner Garantido.

Nos banners permanentes de personagens, existe ainda um flat rate extra nos primeiros 100 pulls, eliminando qualquer incerteza após tantos tiros. Nos banners limitados, que aplica um soft pity a partir do 80º pull e hard pity em 160, mas com um detalhe extra de 50/50. Ou seja quando você obtém o primeiro 5★ seja com tiros subsequentes até os 80 pulls, há 50% de chance de ele ser o Character Banner Featured (o personagem promocional do banner). Se perder esse 50/50, seu próximo 5★ seja no hard pity ou em tiros subsequentes até o segundo pity cycle de 160, será garantido como o personagem em destaque. As armas, por sua vez, usam 50 / 50 com hard pity aos 70 pulls e contam com o recurso Dream Pick, que permite escolher até três armas favoritas para 50% de chance de cair quando o 5★ for garantido.

Para quem pensa em gastar dinheiro de verdade, cada pull equivale a 150 Cognition Crystals (1 Meta Jewel), e alcançar o Flat 2 Rate de 160 pulls exige 12.000 crystals, o que representa um gasto entre entre 1050 a 1250 Reais. O Platinum Pack (60 Reais) ou o Month Platinum Pack (200 Reais) reduz esse custo, oferecendo 10 a 25 pulls por um preço muito mais atraente porem eles são limitadas a somente 1 por mês.

Gráficos e Áudio

Visualmente, Persona 5: The Phantom X mantém com firmeza a identidade da série Persona, com menus estilizados, tipografia elegante e animações expressivas que se alternam entre cenas in-engine e cutscenes mais tradicionais. Um bom exemplo disso está na forma como a estrutura de algumas localidades foi modificada. Áreas que antes eram separadas e com câmeras travadas ou ângulos fixos, como a Estação de Shibuya e a Central Square, agora estão unificadas em uma única região contínua, com movimentação fluida e câmera livre em quase todos os ambientes.

Essa nova abordagem de design oferece uma sensação mais natural de navegação e aproxima o jogador da ambientação urbana de Tóquio, reforçando o aspecto de mundo vivo. No entanto, ao adotar essa liberdade visual, o jogo também expõe algumas fragilidades técnicas. Elementos como texturas de baixa resolução em prédios tornam frequentes, e o pop-in de objetos durante a movimentação é visível em dispositivos mobiles e PCs menos potentes. Durante o dia, por exemplo, é comum ver pessoas, placas e elementos de cenário surgirem do nada à medida que o jogador avança pela área. Esses problemas são ainda mais perceptíveis quando o jogo é rodado nos mobiles ou com configurações gráficas mais baixas.

O reaproveitamento de animações também chama atenção. Personagens como Wonder compartilham expressões, poses e gestuais diretamente herdados de Joker, o protagonista de Persona 5, enquanto NPCs como o vendedor da loja de armas (Iwai fora do pulls de armas) utilizam animações recicladas do jogo original, com adaptações mínimas.

Ainda assim, há momentos de brilho visual. A iluminação dinâmica à noite, especialmente nas ruas de Shibuya, é bem aplicada e ajuda a criar clima. Os efeitos de partículas durante o uso das Personas são estilizados e marcantes, e o cel shading dá vida aos personagens com uma estética que continua sendo um dos grandes trunfos da franquia. Apesar das falhas técnicas, o estilo artístico é forte o suficiente para manter a identidade visual do jogo.

Já na trilha sonora, o jogo mistura com maestria faixas novas com arranjos clássicos do repertório jazzístico de Persona, criando momentos memoráveis tanto em combate quanto em exploração. Os efeitos sonoros de golpes e habilidades mantém impacto, e a dublagem embora conte com mixagens que por vezes apresentam fades abruptos, entrega performances convincentes que reforçam a personalidade de cada personagem. A ambientação sonora em áreas mais silenciosas, como corredores de palácios, é sutil, mas suficiente para reforçar tensão antes das batalhas.

Desempenho

A diferença entre plataformas é marcante. No iOS, o jogo ocupa cerca de 20 GB, roda com fluidez e tempos de carregamento relativamente curtos, beneficiando-se de otimizações móveis ou dispositivos mais fortes como um ipad pro. No PC, o download aproxima‑se de 70 GB devido à inclusão de texturas de alta resolução e assets mais detalhados, mas a experiência técnica fica aquém do esperado: stutters frequentes, quedas de frame rate, crashes ocasionais e ainda assim você pode encontrar algumas falhas de carregamento de texturas em determinados locais.

Conclusão

Para quem busca um RPG gacha no universo Persona, The Phantom  X é uma proposta que merece atenção. Sua narrativa cresce após os blocos iniciais de tutoriais, oferecendo arcos bons e personagens legais. A jogabilidade mescla familiaridade com sistema dos gachas, e as adições dos Highlights, criando um combate estratégico que recompensa planejamento. O game possuindo um gacha, até surpreendentemente justo em algumas partes, possibilitando builds fortes sem gastos, embora exija bastante paciência.

Considerando o cross‑save e cross‑play nativos entre PC, iOS e Android, não seria surpresa ver Persona 5: The Phantom  X adaptado sem problemas para consoles como PS5, Nintendo Switch e Xbox, onde o hardware permitiria maior estabilidade e provavelmente, otimizações específicas que eliminariam grande parte dos problemas de performance. Para fãs de Persona e entusiastas de gacha que desejam um título free‑to‑play robusto e visualmente atraente. Agora para aqueles que não curtem o sistema gacha, só resta torcer para que a Sega incorpore toda a história de The Phantom X como uma DLC standalone em Persona 5 Royal.

Persona 5: The Phantom X

Gacha - 9
Historia - 8
Gameplay - 7.8
Gráficos - 7.3
Áudio e trilha-sonora - 8

8

Muito Bom

The Phantom X traz a essência de Persona 5 para o modelo free-to-play gacha, mantendo combates por turnos, estilo visual marcante e uma história legal. Apesar dos excessos de tutoriais, limitações e alguns problemas técnicos, o jogo entrega conteúdo robusto, bons personagens e ótimo potencial para crescer.

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