Neon Inferno surge como mais um exemplo de como a atual geração de consoles tem sido um terreno fértil para o resgate de gêneros clássicos. Apostando em uma proposta run and gun inspirada nos arcades dos anos 90, o jogo combina ação frenética, visual em pixel art vibrante e uma estética cyberpunk carregada de estilo. Desenvolvido pela Zenovia Interactive e publicado pela Retroware, o título não tenta esconder suas inspirações, mas busca modernizar a fórmula com ideias próprias e um ritmo intenso do início ao fim.
História
A narrativa de Neon Inferno é simples e serve apenas como pano de fundo para a ação. Ambientado em uma Nova York futurista no ano de 2055, o jogo coloca o jogador no papel de Angelo Morano ou Mariana Vitti, assassinos a serviço de uma poderosa organização criminosa conhecida como a Família. O objetivo é eliminar facções rivais e proteger os interesses da máfia em meio a um cenário dominado por neon, violência e corrupção.
A história não tenta se aprofundar em grandes reviravoltas ou desenvolvimento dramático. Ela existe para contextualizar o caos, funcionando bem dentro da proposta arcade do jogo e mantendo o foco totalmente na jogabilidade.
Gameplay
A gameplay de Neon Inferno sustenta toda a experiência e deixa claro desde os primeiros minutos que o foco está na ação constante e na leitura rápida da tela. O jogo combina o side scroller clássico com um sistema de tiro em duas camadas, fazendo com que inimigos apareçam tanto no plano frontal quanto no plano de fundo, o que exige atenção permanente e torna cada confronto mais caótico e intenso ao longo das fases.
A mecânica de desaceleração do tempo surge como parte natural do combate e adiciona uma camada extra de estratégia ao ritmo frenético. Ao rebater projéteis inimigos com ataques corpo a corpo, o tempo diminui e permite devolver os tiros com precisão, causando dano extra e abrindo espaço para decisões rápidas em meio ao caos. Isso impede que o jogo se resuma apenas a atirar sem pensar e força o jogador a dominar padrões, posicionamento e tempo de reação.
O nível de desafio segue fiel à proposta dos arcades clássicos e não faz concessões, mesmo nas dificuldades intermediárias. Inimigos agressivos, chefes enormes e ataques que ocupam boa parte da tela transformam cada confronto em um teste de reflexo e memorização. Em alguns momentos, a dificuldade se apoia mais na tentativa e erro, com armadilhas pouco claras e elementos do cenário que se confundem com a arte, algo que pode gerar frustração, mas faz parte da identidade do gênero run and gun.
O conteúdo é enxuto, mas bem variado, alternando entre fases tradicionais de tiro, trechos de plataforma, perseguições e seções com veículos que ajudam a quebrar a repetição da campanha. O cooperativo local para dois jogadores funciona muito bem e muda completamente o ritmo da experiência, tornando o caos mais divertido e um pouco mais acessível, especialmente nos momentos mais difíceis do jogo.
Gráficos e Áudio
Visualmente, Neon Inferno impressiona pelo cuidado com a pixel art. Os cenários são vibrantes, cheios de detalhes animados e reforçam muito bem a identidade cyberpunk do jogo. A Nova York futurista criada pela Zenovia Interactive é estilosa e coerente, utilizando bem profundidade de campo mesmo dentro de uma proposta totalmente em 2D.
A trilha sonora acompanha o mesmo nível de qualidade, apostando em batidas intensas que combinam perfeitamente com o ritmo acelerado da ação. As músicas ajudam a manter a adrenalina alta durante os combates, enquanto escolhas pontuais mais inesperadas dão um tom cinematográfico a alguns momentos da campanha.
Conclusão
Neon Inferno é uma clara carta de amor aos shooters de arcade dos anos 90. O jogo acerta em cheio na estética, na trilha sonora e na jogabilidade central, oferecendo uma experiência intensa, estilosa e desafiadora. A mecânica de tiro em duas camadas e o bullet time dão identidade própria ao título e evitam que ele seja apenas mais um clone do gênero. Por outro lado, a campanha curta e o fator replay limitado podem decepcionar quem busca uma experiência mais longa. Ainda assim, para quem gosta de ação frenética, dificuldade elevada e pixel art de qualidade, Neon Inferno entrega exatamente o que promete, especialmente quando jogado em cooperativo local.
Neon Inferno
Historia - 7
Gameplay - 8.5
Gráficos - 9
Áudio e trilha-sonora - 8
8.1
Muito Bom
Neon Inferno entrega uma experiência run and gun bacana e um visual em pixel art muito bem trabalhado. Apesar da campanha curta, o jogo funciona muito bem como uma homenagem aos arcades clássicos, especialmente em cooperativo local.
