
S.T.A.L.K.E.R. 2 Heart of Chornobyl chega ao PlayStation 5 depois de um lançamento conturbado no PC e no Xbox Series, marcado por problemas técnicos e desempenho instável. Agora, após um ano do lançamento do jogo, já com uma versão bem mais estável e diversos patches aplicados, o título desembarca no console da Sony em um estado muito mais sólido.
Apesar de não ser meu primeiro contato com a franquia, esta foi a minha primeira experiência completa com S.T.A.L.K.E.R. 2. Antes disso, tive apenas um breve teste durante a BGS 2023, ainda em uma versão bem inicial do jogo. Logo nos primeiros minutos já foi possível notar diferenças claras, principalmente em desempenho.
História
A campanha acompanha Skif, um stalker que entra na Zona após um evento que muda completamente sua vida. O jogo não se preocupa em explicar tudo logo de início e aposta em uma narrativa mais fragmentada, construída por diálogos, documentos e acontecimentos ao longo da exploração.

O game também apresenta decisões durante missões principais e secundárias que afetam facções, personagens importantes e o rumo da história, resultando em finais diferentes. Cada grupo presente na Zona enxerga o local de uma forma distinta, o que se reflete diretamente nas missões e nas consequências, mantendo o interesse do jogador ao longo do jogo.

Nem tudo, porém, funciona perfeitamente. Em alguns momentos, há pequenos atrasos nas legendas de certos diálogos, o que pode atrapalhar ainda mais quando o áudio está configurado em ucraniano.
Gameplay
S.T.A.L.K.E.R. 2 aposta em mecânicas de sobrevivência bem rígidas e isso fica claro desde os primeiros momentos, já que o jogo não trabalha com progressão baseada em níveis ou habilidades desbloqueáveis e coloca todo o peso da experiência no gerenciamento do jogador. Sobreviver depende diretamente de como você administra recursos como munição, comida, água e kits médicos, enquanto fatores como radiação, sangramento e fadiga estão sempre presentes, fazendo com que cada confronto ou exploração precise ser planejado com cuidado.

O gerenciamento de equipamentos influencia diretamente a progressão, já que todas as armas sofrem desgaste constante e precisam de manutenção para evitar falhas em momentos críticos. O inventário trabalha com limite de peso, o que obriga o jogador a decidir o que carregar, enquanto armaduras oferecem proteções específicas contra dano físico e efeitos ambientais, e artefatos encontrados pelo mapa concedem bônus que ajudam a lidar com áreas mais perigosas.

S.T.A.L.K.E.R. 2 oferece uma boa exploração, que acontece de forma contínua e não depende apenas de missões marcadas. Durante o deslocamento pela Zona, o jogador encontra diversos pontos de interesse, como locais abandonados, túneis e áreas abertas que escondem recursos importantes, armas diferentes e informações sobre o mundo, incentivando a observação do ambiente e a saída do caminho principal.

Entretanto, algumas mecânicas ainda poderiam ser mais bem apresentadas ao jogador, principalmente nas primeiras horas, quando o jogo exige adaptação aos sistemas de sobrevivência e gerenciamento. A interface nem sempre deixa claros certos efeitos de status ou interações, o que acaba levando o jogador a aprender por tentativa e erro. Em alguns momentos, inimigos podem ficar presos em objetos do cenário, atravessar pequenas estruturas ou apresentar reações estranhas durante o combate, o que quebra um pouco a imersão.
Gráficos e Trilha Sonora
S.T.A.L.K.E.R. 2 aposta mais na construção de atmosfera do que em impacto técnico puro. A Zona é suja, feia e enferrujada, passando uma sensação constante de perigo e abandono. As mudanças climáticas acontecem de forma dinâmica, com chuvas e tempestades de radiação que ajudam a reforçar a identidade do mundo.



No PlayStation 5, o jogo oferece modos de qualidade e desempenho, permitindo ao jogador escolher entre maior fidelidade visual, ou melhor fluidez. A estabilidade é boa na maior parte do tempo, embora ainda seja possível notar pop-ins em algumas áreas e carregamentos um pouco mais longos do que o esperado para a geração.

A trilha sonora é econômica e aparece apenas em momentos pontuais, deixando grande parte da ambientação nas mãos do design de som. Disparos, passos, sons da fauna e gritos de mutantes se destacam, assim como o silêncio da Zona. O uso do DualSense complementa essa imersão, com gatilhos adaptáveis e feedback tátil que dão mais peso às armas e às ações do jogador.
Conclusão
S.T.A.L.K.E.R. 2 Heart of Chornobyl no PS5 apresenta uma proposta clara de sobrevivência em mundo aberto, baseada em exploração constante, administração de recursos e decisões que influenciam o andamento da campanha. É um jogo que não facilita o caminho do jogador, exige atenção aos detalhes e pune erros, mas consegue entregar uma experiência coerente para quem aceita esse tipo de abordagem.
O ritmo é mais lento e a ausência de sistemas acessíveis podem afastar quem procura ação imediata ou progressão simplificada. Ainda assim, dentro do que se propõe, o jogo se sustenta bem, oferecendo uma campanha longa e diversas atividades espalhadas pelo mapa.
S.T.A.L.K.E.R. 2 Heart of Chornobyl
Historia - 7.3
Gameplay - 7.5
Gráficos - 8
Áudio e trilha-sonora - 7
7.5
Bom
S.T.A.L.K.E.R. 2 Heart of Chornobyl entrega uma experiência de sobrevivência em mundo aberto, com foco em exploração, gerenciamento de recursos e escolhas. O ritmo mais lento e as mecânicas mais punitivas podem afastar parte do público, mas quem aceita a proposta encontra um jogo bem bacana.


