
Lançado originalmente em 2006 para PlayStation 2, Devil Summoner: Raidou Kuzunoha vs. The Soulless Army foi por muito tempo uma das joias esquecidas da franquia Shin Megami Tensei. Com uma ambientação noir no Japão da era Taisho, combates em tempo real e foco em investigação sobrenatural, o título acabou ofuscado na época por ainda ser algo muito à frente de seu tempo. Agora, com o remaster RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army, a Atlus resgata esse spin-off único com melhorias visuais e ajustes de qualidade de vida que tentam tornar a experiência mais atrativa para os padrões atuais.
Mas será que essas mudanças foram suficientes para reviver o clássico com o destaque que ele sempre mereceu?
História
RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army apresenta uma trama ambientada em uma versão alternativa do Japão dos anos 1930, onde o sobrenatural se mistura com o cotidiano. Você assume o papel de Raidou Kuzunoha XIV, um jovem aprendiz de Devil Summoner, que acaba envolvido em uma série de investigações ligadas ao desaparecimento de uma estudante.

Porém, com o avanço da história, o jogo começa a exagerar na escala e no tom. Entretanto é uma pena, que o jogo não conte com suporte ao português. Esta seria a chance ideal de apresentar um jogo antigo do universo Megaten para uma nova geração de fãs, especialmente no Brasil onde a popularidade de Persona e outros títulos da Atlus só aumentou nos últimos anos.
Gameplay
Raidou Remastered entrega um sistema de combate em tempo real que se destaca pela sua simplicidade estratégica. Controlamos apenas Raidou, que usa ataques rápidos e pesados com combos fixos, além de habilidades especiais com cooldowns. Embora as variações de armas sejam limitadas, o desafio vem da interação com os demônios aliados, que agem automaticamente e podem ser controlados parcialmente para lançar magias. Essa dinâmica exige que o jogador equilibre ataques leves para recuperar energia mágica (MAG) e ataques pesados para causar mais dano, criando um ritmo constante durante as batalhas.

O sistema de fraquezas elementais, adaptado do clássico Press Turn, torna o combate mais tático: acertar uma fraqueza paralisa o inimigo, abrindo oportunidades para ataques contínuos. Isso facilita as lutas contra inimigos comuns, mas pode tornar o combate repetitivo para quem busca mais variedade. Já os chefes exigem uma estratégia mais apurada, com esquivas e gerenciamento do escudo para conseguir derrotá-los, sendo o ponto alto das batalhas.
A progressão é alimentada pelo recrutamento e fusão de demônios, sistema que oferece profundidade e incentivo para experimentar diferentes combinações. A personalização das habilidades herdadas e a criação de novos demônios são o principal atrativo que mantém o jogador investido mesmo quando o combate em si fica previsível. Esse aspecto é o que mais prende no gameplay, incentivando a evolução constante do protagonista e seu arsenal demoníaco.

Desempenho
Raidou Remastered apresenta uma performance estável na maioria das plataformas, com tempos de carregamento reduzidos em comparação ao original de PlayStation 2. A nova versão traz melhorias técnicas que modernizam a experiência sem comprometer a essência do jogo, incluindo salvamento automático e viagem rápida, facilitando a exploração e o progresso.


Apesar de ser um remaster, o jogo roda de forma fluida, mesmo em hardware mais modesto, sem quedas significativas de frames ou travamentos. A câmera em ambientes fechados pode ser um pouco problemática às vezes, causando certa dificuldade na movimentação, mas não chega a comprometer a jogabilidade.
No geral, a atualização tecnológica oferecida por esta versão é um avanço considerável em relação ao jogo original, tornando a experiência mais acessível e confortável para o jogador moderno, sem perder o charme nostálgico que caracteriza o título.
Gráficos e Áudio
Visualmente, o remaster dá um salto importante ao substituir os fundos pré-renderizados por ambientes em 3D com câmera livre, trazendo maior imersão e liberdade na exploração. As animações foram aprimoradas, deixando os combates mais fluidos e impactantes, embora o estilo artístico clássico de Kazuma Kaneko seja mantido com fidelidade.




Apesar das melhorias, o jogo apresenta limitações visíveis, como a repetição frequente de inimigos e o uso de cenários reciclados, o que pode tornar a exploração menos interessante em determinados momentos. A trilha sonora de Shoji Meguro é muito elogiada e considerada um dos pontos fortes, com composições que se encaixam perfeitamente no clima noir e sobrenatural.
Conclusão
Raidou Remastered: The Mystery of the Soulless Army é um título sólido que entrega uma experiência única dentro do universo Shin Megami Tensei, especialmente para fãs da franquia. Seus pontos fortes incluem um sistema de combate híbrido interessante, a profundidade no gerenciamento de demônios, a ambientação rica e a trilha sonora marcante de Shoji Meguro. As melhorias técnicas do remaster, como gráficos atualizados e qualidade de vida, também contribuem para uma experiência mais moderna sem perder a essência do original.
Por outro lado, o jogo sofre com a repetição de inimigos e cenários, uma narrativa que pode perder força em determinados momentos e uma curva de dificuldade irregular. Além disso, a ausência de suporte ao português é uma grande pena, pois poderia ser a oportunidade perfeita para atrair uma nova geração de fãs. Por isso, a recomendação fica mais restrita aos jogadores já familiarizados com a franquia e que dominem o inglês.
RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army
Historia - 7.5
Gameplay - 8
Gráficos - 8
Áudio e trilha-sonora - 8.5
8
Muito Bom
Raidou Remastered resgata um dos títulos mais únicos da franquia Shin Megami Tensei com boas melhorias técnicas e uma proposta de gameplay diferenciada, ainda que limitada. Apesar de falhas no ritmo da história e na variedade de cenários, o jogo brilha com seu sistema de fusão de demônios, ambientação estilosa e combate competente.